sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O que o passado não traz de volta



Era uma manhã do 23 de fevereiro de 2007, quando acordou para mais um dia de sua nova rotina. Havia mudado de emprego, casa e cabelo. Morava, novamente, na casa que pertencera aos seus pais em sua infância.
A casa nova, não era literalmente nova. Haviam alguns reparos a serem feitos ali. A porta do banheiro, como exemplo, não podia ser fechada por dentro. Se isso acontecesse, era ter coragem pra pular da janela, à um precipício que se instalava nos fundos da casa velha. Ainda não começara no novo emprego. Iria ocupar o cargo de gerência de uma filial bancária. Salvo isso, decidiu tirar o dia para explorar o exterior da casa, que ficava afastada da cidade. Era uma propriedade imensa.
Caminhando entre as árvores, apreciando àquela paisagem mal cuidada pelo tempo, entra em estado de choque. Naquele instante, foi como se o seu coração pulsasse todo o sangue de seu corpo, de uma vez só.  Via à sua frente, a 'casa na árvore' que seu pai e seu avô, construíram pra ele nos tempos de criança. Fechou os olhos, e as melhores lembranças que tinha daquele lugar, o tomaram até que estremecesse todo. Ficou paralisado por um tempo, e, com uma certa coragem, resolveu explorar a casinha de madeira também.
Ao entrar por aquela abertura minúscula que tinha sobre sua cabeça, outro choque o percorreu todo. Seu amigo de infância solitária, sentava-se ao lado da janela embaçada pela sujeira, como que a contemplar a paisagem lá fora. Ficou por um momento a observá-lo, imóvel (ambos). Até ouvir de seu coração, o chamado que o fazia. Foi chegando devagar, contando seus passos. Percebeu que já não era o mesmo de quando sua mãe o presenteara. Faltava-o um olho. Quis chorar e não mais olhá-lo. Logo lembrou de toda a sua infância, com aquele amigo que nada falava. Sempre o apoiava com seu olhar e o consolava nas noites de tempestade.
Viu que as coisas já não eram como antes, e que o bom do passado não volta mais. Ousou. Sentou-se ali, perto de seu velho amigo e botou todo o 'papo' em dia. Nunca foi tão feliz, depois que deixara de ser criança.

2 comentários:

MissUniversoPróprio disse...

Bons tempos, que não voltam mais...

Ser criança é sem feliz sem saber.

Beijos!

;)

Vinícius Romão disse...

Beijos a ti também!
Obrigado por comentar! ;)

Postar um comentário